zSe você assistiu à O Gambito da Rainha na Netflix e se perguntou o quão fiel a série é, saiba que ela é “bem acurada”, de acordo com Jennifer Shahade, embaixadora do PokerStars.net e bicampeã de xadrez nos Estados Unidos.
Em entrevista ao IGN Brasil, Shahade tirou algumas dúvidas do mundo do xadrez. Confira:
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O quão fiel com a realidade é O Gambito da Rainha?
Segundo Jen, bastante! “É bem acurado. A Netflix contratou consultores fantásticos de xadrez, incluindo Garry Kasparov, considerado por muitos como o melhor enxadrista de todos os tempos”, diz.
Os russos são tão bons como a série mostra?
Em O Gambito da Rainha, os russos são os jogadores a serem superados, principalmente Borgov. Aqui, também confere, mas com uma leve atualização para os tempos modernos.
“Naquela época, eles eram dominantes no xadrez. Claro que Bobby Fischer venceu Boris Spassky no Campeonato Mundial de Xadrez de 1972, mas o time soviético era dominante”. Esse embate citado por Jen, inclusive, ficou conhecido como o “Match do século” e claramente inspirou o confronto final de O Gambito da Rainha, entre Beth e Borgov.
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“Agora, é muito mais diversificado”, aponta Jen. “Há muitos países com ótimas equipes de xadrez. O número um é da Noruega [Magnus Carlsen], e os melhores times são Estados Unidos, China e Rússia.”
E o Brasil? Segundo Jen, temos muitos Grandmasters (em português, Grande Mestre) no nosso país, que é o título máximo que um enxadrista pode alcançar. De cabeça, ela recorda nomes como Rafael Leitão, Giovanni Vescovi e Luís Paulo Supi.
“Minha primeira competição internacional foi no Brasil, em uma cidade próxima a Curitiba”, recorda Jen. “Eu tinha apenas 15 anos e me diverti muito! Os brasileiros são muito amigáveis. Depois daquele evento, eu soube que queria viajar o mundo para jogar xadrez”.
Como O Gambito da Rainha mudou a percepção do público com o xadrez
O Gambito da Rainha fez com que as vendas de kits de xadrez aumentassem, além de colocar o esporte em uma evidência estratosférica. “Gostei que a série teve uma audiência adulta, porque xadrez é muito popular entre crianças e não tem a mesma popularidade com adultos desde Bobby Fischer”, declara Jen.
“Hoje, as pessoas enxergam muito glamour — e tem, sim, muito glamour no xadrez. Também há muito glamour no pôquer, outro jogo que eu amo. O Gambito da Rainha abriu os olhos das pessoas”, afirma.
Diferenças entre a série e o livro
Jen, que leu o livro homônimo de Walter Tevis que inspirou a série, conta que a cena em que Beth enfrenta Borgov é uma de suas favoritas. “Ela mostra a fusão entre a beleza interior e exterior de Beth. E olha que a Anya Taylor-Joy já é esplêndida, e nessa cena, com os pensamentos dela, ela vira uma espécie de deusa.”
“No livro, a personagem não é tão bonita; na verdade, ela é chamada de feia em algumas partes”, compara. “Porém, quando ela joga xadrez, o autor diz que ela cresce com essa incrível beleza. Senti que a série acertou nessa parte: é difícil a Anya Taylor-Joy ser mais bonita do que ela já é, mas eles conseguiram.
Os benefícios do xadrez: por que começar a jogar e dicas para iniciantes
Jen recomenda que pessoas de todas as idades comecem a jogar xadrez por ser “uma ótima saída para perder o sentido do tempo para se absorver em um mundo intelectual”, além de ser um “ótimo jeito de conhecer pessoas”.
“O xadrez é uma ferramenta de networking para mim, onde você pode abrir um novo mundo com pessoas interessadas no jogo. Ele também tem elementos artísticos e históricos. Ou… você também pode tentar acabar com as pessoas”, brinca. “Há muitos jeitos de explorar o xadrez: ele pode despertar seu lado competitivo, ensinar mais sobre arte, história… todo mundo vai encontrar algo”.
Para quem quer ingressar no universo do xadrez, Jen recomenda visitar sites online e praticar o básico: “Há muitos tutoriais gratuitos online hoje em dia. É bom praticar as regras básicas antes de encarar um jogo. Outra dica é achar um companheiro de jogo, que esteja no seu nível ou até um pouco acima. Assim, vocês podem melhorar juntos”, conclui.
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