No meio de tanto anúncio feito na Opening Night Live da Gamescom 2021, a novidade UFL certamente foi uma das que mais chamaram a atenção.
Isso se deve especialmente ao objetivo do novo jogo de futebol, o que chacoalha todo um ecossistema equilibrado em um gênero dos games. Não é comum que um novo jogo de futebol apareça, muito menos um que tenha a intenção declarada de lutar pelo domínio historicamente estabelecido pela dupla FIFA e PES — este segundo, que agora chama-se eFootball.
A desenvolvedora Strikerz Inc. encarou um baita desafio. O estúdio possui escritórios espalhados por toda a Europa e nutre esperanças de que UFL conquiste todo o mundo. É um mercado difícil de romper, ainda mais se considerarmos o poder financeiro de FIFA, da EA.
Pois então, como a Strikerz Inc. planeja encarar isso? Conversamos com Eugene Nashilov, CEO do estúdio, para descobrir o que torna UFL único.
Fica nítido, ao falar com Nashilov, que esta não é uma decisão precipitada, a de fazer um novo jogo de futebol e partir para a luta. UFL está em desenvolvimento há cinco anos, e muita pesquisa sobre jogos de futebol foi feita antes mesmo do trabalho criativo ter começado.
“Antes de passarmos para a etapa de desenvolvimento do jogo, fizemos um estudo profundo do mercado, analisamos as necessidades e demandas dos jogadores, examinamos os prós e contras dos títulos já existentes e muito mais”, explica Nashilov. “O retorno e os dados que coletamos nos motivou a criar um jogo totalmente, um que atenda e supere a ideia do jogo perfeito de futebol entre jogadores”.
Chamar de “o jogo perfeito de futebol” pode soar um pouco ambicioso, mas com o crescente descontentamento entre a comunidade FIFA, UFL enxerga uma oportunidade de entrar no páreo. Mas por que Nashilov sente que UFL quebrará a hegemonia EA-Konami?
“Jogos de futebol estão no mercado há mais de 25 anos. No entanto, os jogos do mercado hoje têm falhado em inovar: ao longo dos anos, os simuladores de futebol mal se atualizaram para seguir as tendências modernas dos games, mecânicas e modelos de negócio. A comunidade tem reclamado por anos”, diz.
“Talvez os jogos de futebol existentes, de olho em seu forte legado, tenham achado difícil mudar e trazer novos recursos em tempo hábil. UFL, por outro lado, é um jogo totalmente novo que incorpora e reflete as esperanças e expectativas dos jogadores”.
Mais do que tudo, o UFL parece ter nascido da frustração dos desenvolvedores com os rumos que a EA e a Konami seguiram em seus jogos de futebol nos últimos anos. O estúdio considera seus desenvolvedores “fãs de futebol e gamers”, que se esforçam para criar o tipo de simulador de futebol que sonham em jogar. Mas o que exatamente fará o UFL se destacar?
Uma grande questão é o licenciamento de clubes e ligas, algo que FIFA domina fortemente em relação aos rivais. No site da Strikerz, lê-se: “Em UFL, os jogadores poderão criar seus próprios clubes de futebol, compostos por mais de 5000 jogadores licenciados, e competir com outros jogadores do mundo para demonstrar suas habilidades e mirar no topo da liga”.
A partir daí, podemos especular que, talvez, os jogadores criarão o próprio time virtual, construído a partir de times e atletas da vida real. Isso não foi explicado pelos desenvolvedores, mas certamente parece diferente daquilo que os jogos atuais oferecem.
Enquanto ainda nos resta ver algum tipo de gameplay, parece que estamos diante de um híbrido de FIFA e Football Manager, com ênfase tanto no que acontece fora do campo quanto dentro dele.
Nashilov explica que “você administrará seu clube, formará um elenco, desenvolverá táticas e competirá com outros jogadores em temporadas para provar suas habilidades e chegar ao topo da liga. Competitividade e jogo justo estão no cerne do gameplay de UFL. Nesta competição, sua vitória depende unicamente de suas habilidades como jogador e das decisões que você tomar”.
“Fair to Play” é o mantra de UFL, a ideia central que impulsiona o que o jogo quer alcançar e, em última análise, sua arma na luta contra FIFA. Não é segredo para ninguém que os loot boxes e todo o fator de pagar para ganhar no modo Ultimate Team são polêmicos há anos, e com bilhões de dólares sendo gastos pelos jogadores a cada ano, é aparentemente impossível evitar o fator pay-to-win.
A Strikerz Inc. quer se afastar completamente dessa abordagem, acreditando firmemente que o nível de habilidade do jogador, e nada além disso, deve determinar o quão bem-sucedido ele será em seu jogo de futebol.
“Esse é um dos nossos princípios mais importantes, essencial para tudo o que fazemos. Acreditamos que o sucesso dos nossos jogadores não deve depender do número de compras in-game que ele fez ou de quanto dinheiro ele gastar, mas de suas habilidades como jogador, experiência e maestria. Você jamais será obrigado a comprar nada em UFL para conseguir subir no ranking”, declara.
“O conceito fair-to-play também significa que iremos constantemente adicionar novas atualizações e melhorias sem pagamentos obrigatórios ou taxas anuais. Free to play é um modelo de distribuição estabelecido na indústria de jogos e que queremos trazer para o gênero de simulação de futebol. Acreditamos que o modelo fair-to-play tornará nosso jogo muito mais atraente para todos os amantes do futebol”, complementa.
“Em UFL, os jogadores serão capazes de controlar todos os aspectos do jogo, desde a composição das equipes até quais táticas e formações serão usadas na próxima partida. Seu caminho para a vitória é determinado por sua habilidade e nada mais. Em outras palavras, nosso jogo é projetado para ser uma experiência justa, que implica em uma abordagem de habilidade em primeiro lugar e tolerância zero para opções pagas para ganhar.”
Uma experiência justa, habilidade em primeiro lugar e tolerância zero para pagar para ganhar.
eFootball, antigo Pro Evolution Soccer da Konami, também será lançado como um jogo free-to-play neste ano, então a mudança da qual Nashilov fala já está em andamento. No entanto, ainda há uma certa confusão sobre como eFootball funcionará em termos de conteúdos adicionais pagos, como novos modos e pacotes de jogadores — certamente, não será algo 100% gratuito, como UFL afirma ser.
Não temos muitos detalhes sobre como isso funcionará, mas Nashilov parece prometer conteúdo pago em UFL apenas para conteúdos cosméticos no jogo.
Se o UFL realmente for tão amigável ao consumidor quanto apresentado, então a Strikerz Inc. poderia ter um verdadeiro divisor de águas em suas mãos. Claro, com qualquer jogo de futebol, ele terá de ter uma boa dinâmica em campo para ter qualquer chance, e sem vermos a jogabilidade do UFL, simplesmente não temos como saber o quão próximo de criar “o jogo perfeito de futebol”, o desenvolvedor está.
Não parece que iremos descobrir tão cedo também, já que Nashilov afirma que a equipe não está “nem pronta para anunciar a data de lançamento exata, nem dar qualquer informação sobre possíveis testes beta”.
É intrigante, no entanto. Considerando que novos shooters, jogos de luta e de corrida saem em uma base consistente para entrar em seus respectivos mercados lotados, novos jogos de futebol são apenas algo que não acontece mais.
A Strikerz Inc. pode já ter nomes como FIFA e eFootball em vista, mas as ambições não parecem parar por aí. Nashilov quer que o UFL seja maior do que um jogo e algo que, se as coisas ocorrerem como planejado, farão parte da cultura esportiva nos próximos anos.
Com UFL, estamos construindo mais do que somente um jogo.
“A Premier League, NBA, NHL e outras ligas não são apenas competições esportivas, mas marcas poderosas e fenômenos de esportes e entretenimento que conectam fãs em todo o mundo”, diz Nashilov.
“Com UFL, estamos construindo mais do que somente um jogo. Nossa missão é construir uma marca esportiva poderosa e criar um ecossistema em torno do jogo que integre aspectos online e offline da categoria: esportes eletrônicos, música, moda, criação de conteúdo, celebridades, parceiros e muito mais.”
É uma jogada grande, mas para realmente se destacar contra essa concorrência estabelecida, é exatamente o que deveria ser. O tempo dirá se o UFL pode alcançar suas ambições elevadas — mas de qualquer forma, a Strikerz Inc. tem a minha atenção.
*Traduzido por Víctor Aliaga
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