blob 878s - Como foi ver Jurassic Park nos cinemas em 1993

Em 1993, a internet era um sonho muito distante, Kurt Cobain estava vivo, a República Tcheca tinha acabado de ser fundada, o Fusca voltava a ser fabricado após o pedido de Itamar Franco, o Real não existia ainda e nem o álbum azul do Weezer — e eu nem fazia ideia de nada disso, pois só tinha 5 anos. O que faz 1993 ter um local especial no meu coração é o filme lançado no dia 13 de junho daquele ano: Jurassic Park.

Eu não tinha visto trailers, afinal, eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Minhas tias me levaram para um lugar com uma tela gigante e então começaram a aparecer DINOSSAUROS interagindo com seres humanos. Ninguém precisava me explicar mais nada, minha atenção já tinha sido tomada pelo filme.

Lógico, adultos daquela época já sabiam muito bem o que esperar do filme de dinossauros, pois ele tinha o “selo de qualidade” que o narrador devia anunciar no trailer “de Steven Spielberg”, que naquela altura já era consagrado por Tubarão, Indiana Jones, E.T. – O Extraterrestre e Contatos Imediatos de Terceiro Grau. O que pra mim não queria dizer muita coisa, já que eu não tinha visto a maioria deles até então.

Mas com certeza minhas tias já tinham assistido e, talvez ao ver que esse novo filme tinha dinossauros e um par de crianças, devem ter pensado “tá aí, esse é um ótimo filme para levar nosso sobrinho pela primeira vez ao cinema”. Ou talvez tenha sido só coincidência, mas de fato foi uma decisão muito acertada.

Dizer que eu lembro do dia seria forçar demais, mas definitivamente lembro de como filmes e dinossauros acabaram por se tornar uma coisa muito forte pra mim, quase uma obsessão. Lembro que me foi dito várias vezes “esses dinossauros são de mentira”, para eu não ficar com medo — o que funcionou, mas acabou despertando uma curiosidade ainda maior: como fizeram dinossauros REAIS de mentira?

Não fazia ideia de como o cinema funcionava — era minha primeira vez lá. Acreditei que era de mentira quando me falaram, mas queria entender como algo de mentira era tão de verdade a ponto de um humano deitar na barriga de um tricerátops e interagir com a respiração do dino…

Algumas cenas ficaram na minha cabeça para sempre. Além dessa da respiração, destaco todas aparições do T-Rex e dos velociraptors, além do terror de ver um dinossauro venenoso dentro de um Jeep — até hoje um dos maiores medos da minha vida.

Ao escrever esse texto, procurei a classificação indicativa do filme e sim, eu provavelmente não deveria ter ido assistir Jurassic Park com menos de 10 anos — mas hey, os anos 90 eram essa maluquice completa, ok? Conheço ao menos mais uma pessoa que também foi ver o filme em 1993 — e ela também acabou indo para a área do audiovisual (Beijo, Jess!). Da mesma forma, definitivamente minha vontade de entender como aquilo era feito foi evoluindo para eu acabar cursando audiovisual em um momento da minha vida. A admiração por Spielberg veio junto com isso, pois depois de junho de 1993, definitivamente eu sabia o que aquele nome significava.

Poucas cenas ainda me fazem ficar tão apreensivo como a do copo d’água tremendo a cada passo do dinossauro que estava próximo. Aos cinco anos eu presenciava uma das cenas mais icônicas do cinema — e não fazia ideia disso, pois a única coisa que sentia era medo.

O mesmo medo a cada desventura que acontecia com os visitantes da ilha. Mesmo em cenas sem dinossauros envolvidos diretamente, como o ato de escalar uma grade eletrificada que (spoiler) quase dá errado. O filme tinha uma atmosfera que não deixava ninguém seguro e, ainda assim, eu não conseguia sentir raiva dos dinossauros, afinal eles estavam só seguindo sua natureza.

Falando em natureza, lembro muitos anos depois que as notícias falavam de estudos provando que os dinossauros na verdade não se pareciam em nada com as criaturas apresentadas no filme — algo que até hoje é complicado de aceitar. Afinal, quando penso em um dinossauro, penso em algum do filme e não em um cientificamente correto. Me desculpe, ciência, mas Hollywood ganhou essa.

“Me desculpe, ciência, mas Hollywood ganhou essa.

Já em 2023, numa recente mostra da carreira de Spielberg em São Paulo, fui rever o filme — minha primeira vez vendo Jurassic Park no cinema desde 1993. A experiência foi incrível, mas fiquei muito curioso com uma amiga que estava no grupo e que NUNCA tinha visto o Parque dos Dinossauros. Assim que o filme terminou, corri perguntar a opinião dela. ‘Será que eu acho que o filme se sustenta por ter ele impresso no meu córtex cerebral ou ele é realmente incrível até hoje?’

Como esperado, ela amou o filme e ficou feliz de ter conseguido esperar até então para assisti-lo, pois conseguiu ter a experiência de ver na telona — algo que recomendo a todos que tiverem oportunidade.

Jurassic Park é aclamado por 30 anos e será por muito mais — mesmo com suas sequências nem sempre tão bem inspiradas — por ser algo que definitivamente fez os dinossauros entrarem para a história (de novo).


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Fonte: Via IGN