Tenho que confessar uma coisa: não era o maior fã dos acessórios e óculos de realidade virtual. Tive algumas boas experiências com alguns dos headsets disponíveis no mercado até então, mas nada que tivesse me convencido que essa era uma real alternativa para experiências em jogos. Porém, desta vez, temos um salto geracional nesta tecnologia. O PSVR 2 chega como um headset de última geração, e um setup de hardware realmente capaz de impressionar.
Sua tela é OLED 4K habilitada para HDR, e o PSVR 2 tem campo de visão de 110 graus. Além disso, ele é equipado com câmeras de rastreamento integradas, o que dispensa a configuração manual de sua área de jogo. Chega a ser impressionante como ele pede que você olhe para todo ambiente em que se encontra e mapeia a área automaticamente para definir sua área máxima de jogo, e evitar acidentes. Isso, claro, desde que você respeite a área delimitada e preste atenção quando surgir a barreira vermelha.
O PSVR 2 também conta com rastreamento ocular, uma das coisas que soam simples, mas que realmente impressionam. Basta dizer que, com jogos que tenham esta funcionalidade disponível, você só precisa olhar na direção desejada para executar a movimentação. Um exemplo são os menus de Horizon Call of the Mountain, onde fui capaz de controlar todos os comandos de todos os menus com meu olhar. Lógico que essa novidade vai além disso.
A tecnologia é utilizada para uma função chamada renderização foveated. Com ela, sua câmera IR integrada rastreia o movimento de seus olhos e usa essa informação para melhorar a eficiência. Uma vez que o aparelho sabe exatamente no que você está focado, ele pode concentrar todo o seu poder de processamento para tornar essa área super detalhada, enquanto todo o resto pode ser reduzido para economizar recursos. Também é interessante que certos jogos agora permitem que você selecione opções de menu com os olhos ou alterne as interações apenas olhando para um personagem. O único outro headset disponível no momento que pode fazer isso é o Meta Quest Pro, e sua previsão de preço gira em torno de US$ 1.500 (algo por volta de R$ 7.747 em conversão direta, conta os R$ 4.499,90 do PSVR 2 no Brasil).
O PSVR2 faz um ótimo trabalho ao acomodar confortavelmente uma ampla variedade de formatos de cabeça e permite que o peso da tela repouse no topo da sua cabeça, e não no rosto (obrigado por isso, Sony)
Uma outra coisa que a Sony resolveu entre as gerações do VR foram os controles. Finalmente, não precisamos mais adaptar o PlayStation Eye e Move. O PSVR 2 tem seus próprios controles Sense. Este híbrido entre um controle de headset VR e o DualSense conta com os excelentes gatilhos adaptativos e feedback tátil que a Sony introduziu com o controle DualSense do PlayStation 5. Os analógicos funcionam bem e os botões laterais ficam uma boa posição para qualquer um que nunca tenha jogado em VR antes. E a forma com que o sensor do controle capta os movimentos dos dedos impressiona (sim, fiz joinhas, punhos fechados e Vs da vitória para testar em Horizon, e funciona!).
O único problema do PlayStation VR 2 é a necessidade de estar sempre conectado a um PS5 por um único cabo USB-C como alimentação. Todavia, isso faz com que ele seja bem mais poderoso quando se trata de fornecer gráficos do que um headset autônomo, como o Meta Quest 2, por aproveitar o que o hardware do PS5 tem para oferecer. E são nesses detalhes que o PSVR 2 deixa outros concorrentes para trás e coloca o VR de console na liderança em praticamente todas as demais categorias, exceto uma, que é o que mais esperamos: títulos disponíveis.
Quando o assunto é design, o PlayStation VR2 é bastante semelhante ao seu antecessor. Ele tem uma aparência limpa em branco e preto, que combina com o seu PS5, e é construído em torno de uma alça ajustável separada da própria tela VR. A boa notícia é que ele faz um ótimo trabalho ao acomodar confortavelmente uma ampla variedade de formatos de cabeça e permite que o peso da tela repouse no topo da sua cabeça, e não no rosto (obrigado por isso, Sony). O mecanismo de ajuste único em formato de disco, na parte de trás da alça de cabeça, continua sendo uma excelente maneira de obter um fino depois de acomodar o aparelho na cabeça.
O PSVR 2 traz um controle deslizante no lado superior esquerdo da caixa da lente que praticamente elimina o uso de óculos.
E são nos detalhes que o PSVR 2 tem mais destaques. Ele traz um controle deslizante no lado superior esquerdo da caixa da lente, que serve para ajustar a distância interpupilar do headset (ou IPD). Essa novidade é especialmente interessante, pois permite que a câmera interna meça rapidamente a distância entre seus olhos durante a configuração e praticamente elimine a necessidade do uso de óculos. O aparelho também traz um fone de ouvido simples, que funciona bem (mas recomendo a utilização de fones como o Pulse, para uma imersão ainda maior com áudio 3D, como em nossos testes aqui).
O PSVR 2 tem apenas dois botões na parte inferior da tela. O central liga e desliga o headset e o outro ativa instantaneamente o modo de passagem, que permite ver o mundo real ao seu redor em preto e branco sem a necessidade de remover o PSVR 2. Algo simples e ótimo caso você precise ajustar seus controles ou até interagir com alguém que entrou em sua área de jogo. Se tem uma coisa que faltou nesse headset é um botão físico para ajustar o volume e um para mutar.
Se você for passar o headset para outra pessoa jogar, é fácil calibrar e ajustar suas configurações a qualquer momento no menu principal do PlayStation 5. Qualquer pessoa familiarizada com o centro de controle do PS5 não terá problemas para navegar entre a experiência VR e o menu principal do PS5. Da mesma forma, é possível que alguém fora do PSVR2 direcione a experiência com um DualSense. Isso simplifica a configuração se você quiser exibir o PSVR2 para alguém que geralmente não passa muito tempo em VR ou não está familiarizado com a interface do PS5. Em jogos como Horizon Call of the Mountain e Star Wars: Tales from the Galaxy’s Edge, você pode sentir o poder de puxar uma corda de arco virtual ou disparar um blaster virtual por meio da resistência dos gatilhos adaptativos. O feedback tátil melhora esse efeito simulando certas forças, texturas e ruídos por meio de vibrações dinâmicas. A partir daí, o céu é o limite. É curioso e empolgante ver o controle produzir de vibrações sutis, porém precisas, até mais calmas, como deslizar seu remo contra o fluxo de água, onde você quase pode sentir a resistência da água através das vibrações táteis do controlador Sense.
Outro toque sutil e que não sabia que precisávamos (mas agora não vivo mais sem) é a vibração integrada do headset. Ele adiciona uma nova camada de imersão à jogabilidade quando implementada nos momentos certos. Star Wars: Tales from the Galaxy’s Edge, por exemplo, tem vibrações hápticas que pulsam através do headset, que casa com a distância, posição e intensidade dos sons que o game produz.
Infelizmente, o aparelho não é perfeito. Assim como no DualSense, a duração da bateria é, com toda essa vibração e resistência, dura apenas cerca de quatro a cinco horas com uma única carga. Isso pode até ser muito tempo para uma sessão de jogos de realidade virtual, entretanto não poder trocar as baterias por um par novo significa ser interrompido se esquecer de conectá-las antes de uma próxima jogatina. E o design do anel dos controles é algo que você pode demorar para se acostumar – É bom ter essas proteções para as mãos e evitar acidentes sim, no entanto pode ser difícil descobrir para onde suas mãos devem ir pelo toque, o que adiciona um pouco de incômodo inicial. Mas, depois de algum tempo, eles se tornam confortáveis de segurar e jogar.
A outra questão é ele não funcionar com o catálogo de jogos PSVR existente. Devido à melhoria que o PSVR2 traz, seus games do PlayStation VR original não rodam no novo. Portanto, mesmo que você tenha gasto em jogos do PSVR que fizeram parte da lista de jogos do PSVR2 na janela de lançamento, você tem que comprá-los novamente (embora algumas publishers anunciaram atualizações gratuitas do PSVR2 para jogos PSVR existentes). Resta esperar que mais devs entrem nessa onda e que tenhamos ainda mais jogos para o PSVR2. E sim, jogos como Horizon, Moss (Book 1 e 2) e Beat Saber farão a festa da experiência por muitas horas.
O PlayStation VR2 é um salto em relação ao PSVR original em termos de facilidade de uso, qualidade visual e imersão. Sua tecnologia, tela OLED 4K HDR e controles Sense se destacam, enquanto a forma com que ele aproveita o poder do PS5 define um novo padrão para o universo dos jogos de realidade virtual em console. Suas principais desvantagens permeiam entre a estreita linha de lançamento e a falta de compatibilidade com versões anteriores dos jogos PSVR originais – o que tem potencial de melhoria à medida que a Sony e outros desenvolvedores lançarem novos jogos que tirem ainda mais proveito dos recursos exclusivos do PSVR2 -, fraca bateria dos controles (que precisam ser carregados individualmente em poucas horas) e falta de botões de atalhos.