A série The Last of Us tem tudo para representar o que o MCU foi para o cinema de super-heróis. O ponto de virada, esse “antes e depois” nas adaptações de games para outras mídias, nunca pareceu tão palpável.
Existem diversos fatores que colaboram para essa sensação geral de que “agora vai”. Paixão entre os envolvidos, criadores e equipe do jogo chamados de volta (inclusive o compositor argentino Gustavo Santaolalla), comprometimento e capricho geral, elenco escolhido a dedo e liderado por Pedro Pascal e Bella Ramsey, o formato televisivo e a até a emissora que acolheu o projeto.
Um dos maiores méritos de The Last of Us foi trazer o criador dos dois jogos e do universo como principal showrunner. Neil Druckmann respira e conhece a história de Joel e Ellie de trás para frente.
A grande diferença na hora de trabalhar com The Last of Us fora dos games, explica Druckmann, em entrevista ao IGN Brasil, está nas sequências longas e ininterruptas: “[no jogo], você é o personagem, e há uma conexão empática entre jogadores e personagens. Essa é a força dos games, e a gente sabia que [a série] não se sustentaria com sequências ininterruptas, ela precisava focar mais no drama dos personagens”.
Assista à nossa entrevista completa com Pedro Pascal, Bella Ramsey, Gabriel Luna, Merle Dandridge, Craig Mazin e Neil Druckmann logo abaixo ou em nosso canal do YouTube:
Maior tempo para o drama e desenvolvimento de personagens (para além da dupla protagonista, Joel e Ellie), permitiu que coadjuvantes como Marlene e o casal Bill e Frank ganhassem mais espaço. Nesse miolo, entrou também outro co-criador, o experiente Craig Mazin, da premiada série Chernobyl.
Druckmann relembra da sensação de ver e rever os episódios à medida que eles eram finalizados: “Eu dava um TAPÃO na mesa pensando: “isso aqui é bom pra caralh*”, diz, orgulhoso. “Este game, que fizemos na Naughty Dog inspirou todos esses artistas, como Craig Mazin e esse elenco incrível liderado por Pedro e Bella… me leva frequentemente às lágrimas.”
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A alma de The Last of Us
Para Mazin, existiam fatores fundamentais que tanto ele quanto Druckmann acreditavam para que The Last of Us, a série, desse certo: “A base da série precisava ser a base de The Last of Us, que é uma história de amor, a história de um pai e sua filha, uma história de perda; precisávamos que o mundo parecesse apropriadamente como o mundo que Neil criou no game, a infecção precisava existir, embora de maneiras ligeiramente diferentes – o que é interessante, e acho que fãs do jogo vão apreciar os porquês e como”, opina.
Vai adaptar um jogo? Não jogue!
Bella Ramsey e Pedro Pascal foram fortemente aconselhados pela equipe de The Last of Us a não jogarem os games antes das filmagens da série. A dupla protagonista até seguiu o conselho, embora com algumas trapaças no meio.
“Tenho sobrinhos que são muito talentosos, especialmente o maior, que se chama Bruno. Ele tem um talento incrível para jogos, e ele me ensinou, com toda a paciência do mundo, como jogar o game”, conta Pascal.
“Para mim, era importante estudar o que já existia. O jogo, o personagem, a física, o som… todas as qualidades que, para mim, eram essenciais para começar e continuar desenvolvendo o que havia nas novas páginas da adaptação e combinar isso às descobertas do que há dentro de mim, do meu entendimento sobre o personagem [Joel]”, complementa.
“Nunca quisemos copiar nada do jogo. Nunca foi a intenção replicar exatamente, apenas capturar o espírito, que é o que você [Craig] queria, eu acho”, revela Ramsey, olhando para Mazin, que concorda. “Se eu tivesse jogado, eu teria analisado demais e pensaria demais nele. Quando penso demais sobre as coisas, tudo dá errado. Teria sido uma má ideia. Fico bem feliz que ele tenha me dito para não jogar”, diz Ramsey.
“Nosso trabalho era encontrar alguém que, por si só, tivesse a alma de Ellie. E essa é Bella Ramsay. Encontramos Bella, mandamos benzão. Estou tão orgulhoso e feliz. Ela deu umas espiadinhas, a propósito. Descobri agora”, brinca Mazin, que rasgou elogios à Bella, a quem olha com uma ternura evidente em uma sala de hotel em São Paulo fechada para as entrevistas.
“Descobri que ela é a pessoa mais inteligente do mundo. E a mais sábia também. Você provavelmente agiu perfeitamente. Mas acho que eu também mandei muito bem. Acho que, juntos” — Mazin e Ramsey dizem em uníssono: “Fizemos um ótimo trabalho. Somos incríveis.” Insira aqui um soquinho mútuo.
O momento de Pedro Pascal e dos latinos no topo em Hollywood
De Game of Thrones a Narcos para cá, Pedro Pascal se tornou um dos nomes mais requisitados e queridos em Hollywood. Ele não só está na liderança de grandes franquias na indústria, como é constantemente citado como uma pessoa agradável, divertida e atenciosa.
Ao IGN Brasil, Pedro Pascal (ou Pedrito, como ele adora ser chamado) reflete sobre esse atual momento, em que protagoniza uma série de Star Wars (The Mandalorian) e The Last of Us, cujo potencial é enorme.
“47 anos para a vida de um ator, nesta indústria, chegar nesta idade em comparação a alguém que tem 18 [Bella Ramsey durante as filmagens] e o reflexo de ter uma experiência tão similar de algo tão novo como um trabalho destes, e tudo de novo que vem como consequência de um trabalho como este… é como um plano muito lindo para que a gente se encontrasse. Ela está começando, e eu começando também, mas com uma idade muito diferente”.
Sobre ser um dos principais (arrisco dizer que o principal) rosto da América Latina em Hollywood, Pascal comemora a expansão do movimento.
“É incrível ser parte de uma comunidade e que o movimento continue se abrindo. Eu preciso – e acho que o mundo precisa – de muito mais. Muito mais representatividade. É um público/comunidade enorme que inclui os elementos de todo nosso planeta, todas as culturas, cores. Precisa haver mais. Mais e mais. Precisamos entender mais que a identidade latina é a identidade do mundo”, conclui Pedrito.
Sobre The Last of Us: A Série
A história da série The Last of Us se passa vinte anos após a civilização moderna ter sido destruída. Joel (Pascal), um sobrevivente experiente, é contratado para contrabandear Ellie (Ramsey) para fora de uma zona de quarentena opressiva. O que começa como um pequeno trabalho logo se transforma em uma viagem brutal e dolorosa, pois os dois devem atravessar os EUA, dependendo um do outro para sobreviver.
Além de Pedro Pascal como Joel Miller e Bella Ramsey como Ellie, Gabriel Luna será Tommy, enquanto Anna Torv será Tess. O elenco ainda terá Nico Parker como Sarah, Murray Bartlett como Frank, Nick Offerman como Bill, Storm Reid como Riley e Merle Dandridge no papel de Marlene.
The Last of Us foi escrito e produzido por Craig Mazin e Neil Druckmann. A série é uma produção conjunta entre a HBO e a Sony Pictures Television, tendo produção executiva de Carolyn Strauss, Evan Wells, Asad Qizilbash, Carter Swan e Rose Lam.
A primeira temporada The Last of Us terá 10 episódios no total e adaptará eventos do primeiro jogo, lançado em 2013. A estreia acontece neste domingo (15), na HBO — que estará com sinal aberto.
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