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Por que Power é a personagem mais sensível de Chainsaw Man

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Atenção: este artigo contém spoilers do mangá e do anime de Chainsaw Man.

Em Chainsaw Man, os dilemas sociais e morais que os personagens enfrentam neste mundo lotado de demônios estão tão na nossa cara que quase pulam para fora das páginas do mangá. As decisões egoístas de Denji para que possa sobreviver da maneira menos dolorosa possível são facilmente percebidas pelo público como uma forma de resistência ao sistema que lhe foi imposto por conta de seu falecido pai. Ainda criança, o protagonista matou seu pai em legítima defesa e acabou herdando suas enormes dívidas com a Yakuza, tendo que trabalhar para a organização a fim de sobreviver.

No entanto, o propósito de Power na obra criada por Tatsuki Fujimoto ainda cai em debates equivocados. A personagem pega emprestado um pouco do Eric Cartman de South Park — graças ao amor de Fujimoto pela animação da Comedy Central — e possui um visual inegavelmente parecido com a infame Zero Two, de Darling in the Franxx. É claro que Power é tudo isso que ambos os personagens representam: bestial, egoísta, um tanto preconceituosa, impulsiva e infantil.

Porém, ela também possui o melhor desenvolvimento de personagem e amadurecimento da obra de Fujimoto, tornando-se uma peça disruptiva do trio principal. Diferentemente de Aki e Denji, ela demora a entender a razão por trás de suas ações a terceiros, por mais que externamente expresse somente desejos próprios como seus companheiros. Miauzinho, seu gato, é o perfeito exemplo para isso: inicialmente, a personagem cuida do bichinho enquanto tenta se eximir de qualquer relação emocional alegando que está o alimentando apenas para poder comê-lo depois.

Power e Miauzinho. Crédito: Divulgação/MAPPA

A essa altura, a selvageria da Infernal do Sangue ainda é fortemente aparente. Quando o Morcego Demônio captura seu novo amigo, porém, Power precisa se desprender de algumas crenças e aceita trabalhar para o esquadrão de Caçadores de Demônios como subordinada de Makima a fim de recuperar seu pet.

Um dos pontos chave para a mudança de Power é quando a personagem é traída pelo Demônio mesmo após cumprir sua promessa, o que a faz decidir que jamais voltará a trapacear.

Denji matando o Morcego Demônio. Crédito: Reprodução/MAPPA

Já parte do trio principal, ela lentamente começa a demonstrar ações particulares de humanos para se integrar a esta nova família. Por tempos, o fato da personagem demonstrar ódio em relação à raça humana a fez ser interpretada somente como um alívio cômico e/ou uma paixonite de Denji.

Power em extra do Volume 3. Crédito: Reprodução

Mas a razão pela qual a personagem se mostra cada vez mais próxima emocionalmente e fisicamente de Denji é que esta é a única forma que ela conhece de retribuir afeto e demonstrar lealdade. A Infernal entende que tanto ela como Denji, que vê como um irmão, estão trocando favores para permanecerem vivos, o que explica os momentos em que Power cede aos pedidos do protagonista.

É justamente a crescente fragilidade de Power, que se comporta cada vez mais como uma humana, que a tornará uma presa fácil para o Demônio do Controle, Makima.

Feliz aniversário, Denji

Power no capítulo 81 de Chainsaw Man. Crédito: Reprodução

A personagem, que já estava fragilizada e traumatizada após a pequena viagem para o Inferno, faz o que pode ser definida como sua ação mais humana de todo o mangá.

Power, que se sentia constantemente atraída por lutas e sangue, transformou-se em alguém tão medroso e reservado a ponto de toda sua sagacidade desaparecer quase que completamente.

Em um vislumbre de simpatia, ela se lembra do aniversário de Denji e decide surpreendê-lo antecipadamente com um bolo de aniversário, mesmo que isso signifique que ela precise enfrentar, aterrorizada, a presença de Makima, apenas para ser morta repentinamente. O fim da personagem como a conhecemos veio por meio de uma ação altruísta, contrária à experiência que tivemos com a Infernal do Sangue nos primórdios da obra.

Makima matando Power. Crédito: Reprodução

A sequência da interrompida festa de aniversário para a eventual morte e renascimento da alma da personagem demonstra que Power se tornou permissiva quanto ao seu novo e trágico destino, aceitando seu fim mais de uma vez consecutiva.

E, mesmo estando viva na forma de algumas partículas de sangue dentro de Pochita, a última aparição de Power reforça como a personagem é movida por seus ideais de lealdade. Desafiando o controle de Makima, seus medos internos e até mesmo seus instintos naturais, Power aceita o acordo com Pochita para retornar a sua forma original e salvar Denji do Demônio do Controle.

Após se certificar de que Denji está seguro, ela lhe dá seu sangue novamente para ligá-los com um contrato; dessa maneira, o protagonista tem o propósito de fazê-la voltar a sua forma humanoide ao encontrar o demônio sanguinário.

Permanecendo como modelo de amizade e segurança na mente de Denji, Power encerra sua participação e mantém viva sua maneira excêntrica e original de enxergar as relações humanas. O fim do arco do Demônio do Controle nos faz refletir que a sobrevivência só pode andar de mãos dadas com a indiferença.


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Fonte: Via IGN

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