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Na primeira parte da nossa retrospectiva, você conferiu a ascensão do 3DS e as dificuldades que o Wii U sofreu para se manter no mercado durante a primeira metade da última década. Agora, na segunda parte é hora de presenciarmos outros momentos marcantes, como o falecimento do Iwata e o surgimento do Switch.
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2015
O meio da década passada serviu como um verdadeiro ponto de virada para a Nintendo, seja para o bem ou para o mal. Primeiramente, o 3DS havia chegado na metade da vida e algumas novas políticas para a sua produção foram implementadas: o modelo clássico e a versão XL dele tiveram sua produção descontinuada em detrimento do New 3DS e do New 3DS XL, lançados no fim do ano anterior.
Foi nesse ano também que a Nintendo firmou uma parceria com a DENA, desenvolvedora conhecida por sua presença forte no mercado mobile, dando a entender que a Big N tinha planos para se inserir nele. Na mesma apresentação em que tal aliança foi anunciada, confirmaram também a produção de um novo console para suceder o Wii U, que não chegou a emplacar no mercado como era esperado.
É válido chamar a atenção que ainda eram lançados games para o aparelho, embora a fonte das thirds tenha praticamente secado — sendo Devil’s Third e Fatal Frame: Maiden of Black Water os principais representantes nesse escasso quesito, uma vez que Project CARS tinha sido cancelado. Assim, 2015 viu Splatoon, Mario Party 10, Super Mario Maker, Yoshi’s Wooly World, Mario Tennis: Ultra Smash e Xenoblade Chronicles X chegando para o console. Mesmo alguns deles sendo sucesso de crítica — Splatoon inclusive ganhou o prêmio de melhor shooter e melhor multiplayer no VGA daquele ano.
O 3DS, por sua vez, já era um aparelho muito bem consolidado e virtualmente sem concorrência, uma vez que o Vita já estava mais para lá do que para cá. Dentre seus destaques, estavam Monster Hunter 4 Ultimate, Xenoblade Chronicles 3D (para o New 3DS), Yo-Kai Watch e Pokémon Super Mystery Dungeon. Houve também o lançamento de dois The Legend of Zelda: Tri Force Heroes e o remake Majora’s Mask 3D.
A E3 daquele ano foi incomum e relativamente discreta. Usando marionetes de Reggie, Miyamoto e Iwata, produzidas pela Jim Henson Company (a mesma dos Muppets), o evento digital da empresa deu destaque a jogos como Star Fox Zero (Wii U), Metroid Prime Federation Force (3DS) e Mario & Luigi: Paper Jam (3DS). Além disso, houve também o anúncio de conteúdo extra para o Smash e do lançamento ocidental do primeiro Mother (como Earthbound Beginnings) na loja virtual do Wii U, após mais de vinte e cinco anos de sua versão original, de 1989.
A repercussão negativa do evento digital levou o presidente da empresa a realizar um comunicado através do Twitter que deixava claro que eles estavam dando ouvidos ao feedback da comunidade e que todos trabalhariam duro para cumprir as expectativas em ocasiões posteriores. Logo depois disso, em julho, se deu o acontecimento mais marcante de 2015: o falecimento do próprio Satoru Iwata. O então CEO da Nintendo já lutava contra um câncer desde o ano anterior, quando inclusive deixou de ir a alguns compromissos por causa da doença. Sua partida provocou uma comoção sem igual na indústria, com homenagens prestadas por indivíduos importantes no ramo, como Junichi Masuda, um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da série Pokémon, e Shuhei Yoshida, chefe da Sony Computer Entertainment.
A cadeira do executivo foi ocupada interinamente por Shigeru Miyamoto e Genyo Takeda em conjunto, que, na época, eram os chefes da divisão de software e hardware, respectivamente. Eles eventualmente foram reconduzidos aos seus cargos anteriores para que Tatsumi Kimishima, ex-presidente das divisões americanas tanto da Nintendo (antes do Reggie) quanto da The Pokémon Company, assumisse o posto.
Por fim, houve também o encerramento do Club Nintendo, antigo serviço de fidelidade que trazia recompensas — tanto físicas quanto digitais — aos jogadores que registrassem seus produtos da empresa no programa. A justificativa para o seu fim é a de que seria substituído por outro serviço de maior abrangência. Em sua reta final, a Nintendo disponibilizou mais de cem games diferentes no intuito de estimular seus usuários a gastar todas as moedas acumuladas antes que elas fossem perdidas com a descontinuação do programa.
Algo curioso que aconteceu na época foi que era possível burlar o sistema de pontuação por conta de uma falha na geração de códigos do Wii Mini, o que rendia moedas praticamente infinitas no serviço. Embora a empresa tenha identificado aqueles que se utilizaram de tal exploit, é notável que os jogos resgatados a tempo não puderam ser tomados de volta.
No Brasil: A Gaming do Brasil deixa de fazer a representação da Nintendo no país. Com isso, uma série de lançamentos deixou de dar as caras oficialmente por aqui, o que fez os preços do mercado paralelo dispararem. Super Mario Maker, por exemplo, chegou em terras tupiniquins custando quase trezentos reais, um valor considerado altíssimo naquele momento, dada a taxa do câmbio vigente à época.
2016
2016 foi, de longe, um dos anos mais mornos da década. Sabendo que estava com seus dias contados, o Wii U chegou a receber alguns títulos momentâneos, como Pokkén Tournament, que se tratava de um port caseiro da versão original de arcade; e Star Fox Zero, lançado em um pacote conjunto com outro game chamado Star Fox Guard, que tinha sido apresentado anteriormente na E3 2014 como “Project Guard”. Outro destaque para o console naquele ano foi Tokyo Mirage Sessions #FE, uma espécie de crossover entre os jogos da Atlus, como Shin Megami Tensei, e a série Fire Emblem.
The Legend of Zelda: Twilight Princess HD veio tão logo quanto foi anunciado. Sua produção se fundamentou em duas justificativas: uma delas, aparentemente, era preencher um buraco que deveria ter sido ocupado por Breath of the Wild, cujo lançamento foi adiado por uma segunda vez; a outra pode ser encarada como uma maneira de capitalizar ainda mais em cima dos Amiibos, visto que foi produzida uma edição especial do game que acompanhava a figure de Midna montada em Link em sua forma de lobo.
Apesar de grandes lançamentos no 3DS, como a versão ocidental de Fire Emblem Fates (com as campanhas irmãs Conquest e Birthright, além do DLC, Revelation), um port de Super Mario Maker, e a chegada da sétima geração de Pokémon com Sun/Moon, o console teve um ano bem burocrático. Aqui as thirds ainda marcaram alguma presença, como foi o caso de Bravely Second: End Layer, Project X Zone 2, Monster Hunter Generations, e Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice.
Até a E3 da Nintendo foi sucinta em 2016, tendo Pokémon Sun/Moon e The Legend of Zelda: Breath of the Wild atraindo praticamente todos os holofotes para si e ofuscando a presença de Mario Party: Star Rush (3DS), Yo-Kai Watch 2 (3DS) e Paper Mario: Color Splash (WiiU).
Os momentos de brilho da empresa se deu em dois aspectos. O primeiro foi no mercado Mobile. Além do Miitomo e do Super Mario Run, os primeiros frutos da parceria com a DENA, houve também a febre mundial de Pokémon Go, que conseguiu trazer para as novas gerações um gostinho do que foi a pokémania no final do milênio passado.
O Miitomo, inclusive, veio de mãos dadas com o My Nintendo, o novo programa de fidelidade da empresa que chegou para tomar o lugar do Club Nintendo. Ele trouxe alguns novos aspectos interessantes, como é o caso da realização de certas tarefas que rendiam moedas. Elas poderiam ser trocadas por jogos, descontos e outras recompensas no 3DS e no Wii U. Ao contrário de seu antecessor, que abrangia apenas algumas regiões específicas, o My Nintendo conta com uma cobertura global.
O segundo foi em outubro, quando finalmente revelou ao mundo que o tão falado NX se tratava do Nintendo Switch, divulgando um trailer que destacava os principais atributos do aparelho, como sua capacidade de atuar tanto como um console de mesa quanto um aparelho portátil.
No Brasil: 2016 foi o ano das Olimpíadas e também a vez de Mario & Sonic virem para o Rio de Janeiro. Apesar de a Gaming do Brasil ter encerrado a distribuição dos produtos oficiais no país, é notável que houve a realização de uma ação pontual para o lançamento oficial do game por aqui. Afinal, seria uma situação bem complicada se os brasileiros não tivessem acesso a um produto produzido no principal intuito de promover um evento de escala global que está ocorrendo no país.
2017
2017 foi finalmente o momento de virar o jogo. A Nintendo trouxe mais detalhes do Switch ainda em meados de janeiro, confirmando que o lançamento do console se daria algumas semanas depois, no início de março, com The Legend of Zelda: Breath of the Wild sendo um de seus títulos de lançamento (responsável por abocanhar uma série de prêmios de melhor game daquele ano). Não muito tempo depois, Mario Kart 8 Deluxe passa a compor a biblioteca do aparelho ao lado de Arms, Ultra Street Fighter II: The Final Challengers, Disgaea 5 Complete, Minecraft e Splatoon 2.
A E3 daquele ano serviu para dar mais fôlego ao recém-lançado console ao trazer novas informações de uma série de outros games que chegaram nos próximos meses, como Super Mario Odyssey, Fire Emblem Warriors e Xenoblade Chronicles 2. Além disso, foi também no evento digital da empresa que Metroid Prime 4 foi confirmado, além do anúncio de que a próxima iteração da franquia Pokémon seria para o aparelho.
Essa confirmação muito provavelmente se deu por conta de um Pokémon Direct que havia ocorrido apenas alguns meses antes e que tinha como principal objetivo destacar o desenvolvimento de Pokémon Ultra Sun/Ultra Moon, que chegou ao mercado ao fim de daquele ano. A questão é que tal anúncio acabou gerando debate entre os fãs, que preferiam um título para a nova plataforma, em vez de um lançamento requentado para um aparelho que estava caminhando para sua descontinuação, apesar de a Nintendo negar e se esforçar para provar o contrário (afinal, o remake Metroid: Samus Returns seria a principal novidade para o 3DS na E3).
Obviamente, com o nascimento do Switch e o fim da produção do Wii U, houve também o fim de certos serviços, como é o caso do Miiverse. Para tal console, aliás, também foi confirmado o cancelamento de Project Giant Robot, projeto do Miyamoto anunciado originalmente na E3 2014 e que foi praticamente esquecido desde então. O mesmo também ocorreu com Bloodstained: Ritual of the Night, cujo desenvolvimento da versão para o console de mesa foi descontinuado em detrimento de uma edição para o novo aparelho da empresa.
O 3DS, além dos já mencionados Pokémon e o remake de Metroid II, também pôde aproveitar games como Mario Sports Superstars, Team Kirby Clash Deluxe e Hey! Pikmin. Um dos destaques, contudo, foi Dragon Quest VIII: Journey of the Cursed King, fazendo com que a série tivesse todas as suas versões principais com presença em ao menos um console da Nintendo. Outro destaque foi Fire Emblem Echoes: Shadows of Valentia, um remake do segundo jogo da franquia, Fire Emblem Gaiden, que jamais recebeu um lançamento no ocidente. Em tempo: o modelo básico do New 3DS parou de ser produzido, restando no mercado “apenas” o New 3DS XL, o Nintendo 2DS e o recém-chegado New Nintendo 2DS XL.
O mercado mobile também teve suas pérolas. Ao lado da DENA, a Nintendo lançou Fire Emblem Heroes e Animal Crossing: Pocket Camp para dispositivos móveis. A The Pokémon Company, que já aproveitava esse filão há algum tempo, trouxe Pokémon Duel para o ocidente ao lado de um simpático game chamado Magikarp Jump.
2018
2019
Pokémon por si só teve um ano movimentado. Detetive Pikachu estreou nos cinemas como um dos mais bem avaliados filmes baseados em games da história — não que isso queira dizer alguma coisa também, considerando a concorrência anterior. Apesar disso, ainda é uma pena que ele tenha sucumbido à popularidade do último filme dos Vingadores, que acabou roubando os holofotes do longa estrelado pelo rato amarelo.
No Brasil: Houve a confirmação praticamente derradeira que a Nintendo está de volta ao país, mesmo que de maneira relativamente discreta, dada a sua presença na Brasil Game Show em um estande que dessa vez era completamente aberto ao público, trazendo games como Link’s Awakening e Luigi’s Mansion 3, além de Charles Martinet para o meet & greet mais uma vez. Ah, considerando as práticas econômicas do cidadão brasileiro comum, a implementação do pagamento por boleto na Loja Nintendo brasileira foi um baita de um avanço.
Agora é bola para frente!
Os anos entre 2010 e 2019 certamente foram cheios de altos e baixos para a empresa. Apesar de o futuro ser promissor, é importante lembrarmos do passado. Ele às vezes nem sempre precisa ser distante e, mais do que a questão da nostalgia, é importante nos atermos ao clichê de prestarmos atenção em certos erros cometidos para que eles não sejam cometidos novamente — ou ainda, quem sabe, resgatar alguma ideia interessante que não tenha funcionado no passado, mas que hoje acaba se encaixando como uma luva diante de um novo contexto.
No fim das contas, o que nos resta é olhar para frente e ver o que os próximos dez anos nos aguardam.
Revisão: Kiefer Kawakami
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Fonte
curso de desenvolvimento de jogos