Além de revolucionar o cinema de terror slasher nos anos 90, Pânico continua a se reinventar à medida que nossos filmes são lançados. Essa mistura homogênea de humor com terror gore é o que mantém a franquia relevante mesmo quase 27 anos após o lançamento do primeiro longa-metragem em 1996.
Com muitas risadas, uso da metalinguagem, sangue, sangue e mais sangue, Pânico 6 faz o excelente trabalho de contar uma nova história, com novos personagens e novos ambientes, sem perder a essência da franquia. Após o sucesso de Pânico 5, ou apenas Pânico (2022), os os diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett retornam com ainda mais liberdade e ousadia.
Sobre o que é Pânico 6?
Diferente do anterior, Pânico 6 muda os ares e leva os protagonista a Nova York, a cidade que não para – mas, mesmo longe, Woodsboro não os abandona. Isso porque as irmãs Carpenter, Sam (Melissa Barrera), Tara (Jenna Ortega), contém assombradas pelo terrível acontecimento, o que as impede de levar uma vida minimamente normal.
Junto dos amigos Mindy (Jasmin Savoy Brown), Chad (Mason Gooding) e novos personagens, as irmãs precisam lidar com o retorno de Ghostface, afinal, já aprendemos que o vilão é cheio de admiradores perturbados e sempre retorna com a máscara sendo utilizada por uma pessoa diferente – ou mais de uma. O novo grupo precisa descobrir quem está por trás dos assassinatos recentes ao mesmo tempo que lutam pela própria sobrevivência.
A ironia dos clichês que funcionam
Logo no início, o filme despeja um balde enorme de ironia em cima dos espectadores. Ao satirizar a “burrice” dos personagens típicos de filmes de terror slasher, vemos personagens cometerem os mesmos erros de sempre – porém é um erro muito certo, porque funciona com a proposta do enredo. Com o passar do tempo, parece que estamos tendo flashbacks de títulos anteriores, com personagens exaltados ao explicar as “regras de um filme de terror”.
Algumas regras são seguidas e outras foram quebradas pelos diretores, que optaram pela atmosfera caótica de Nova York para apresentar mortes mais criativas do que estamos acostumados a ver na franquia. O uso das locações foi indispensável para manter o clímax de horror, até porque, neste filme, somos mostrados que não há limites para a violência, e não precisa estar isolado para que ela ocorra.
Pânico 6 talvez seja o filme mais violento da franquia, contudo todas as mortes tiveram um motivo para acontecer. Elas, no entanto, confundem os espectadores, que podem ficar confusos ao tentar desvendar quem está por trás dos crimes.
Com a ausência de Sidney Prescott (Neve Campbell) pela primeira vez, os diretores conseguiram driblar a falta do importante personagem, que marcou uma geração, e provam que a franquia consegue sobreviver com o novo núcleo. No entanto, as icônicas Gale Weathers (Courteney Cox) e Kirby Reed (Hayden Panettiere) estão de volta – melhores do que nunca!
Gale Weathers é uma clara sátira sobre a espetacularização da mídia em cima de trágicos acontecimentos, entretanto, além disso, também mostra a importância do jornalismo investigativo na resolução de casos criminais. Pânico é ótimo em mostrar as dualidades das pessoas e perspectivas, nem tudo é tão ruim ou bom e nem tudo é o que parece ser. Ao seguir a premissa de “não confie em ninguém”, é difícil decidir com plena certeza que é o novo Ghostface, todavia é uma trajetória emocionante até o fim.
Além da mídia, o fascínio por serial killers também é um ponto questionado no roteiro. Até onde é saudável o consumo de true crime? Quando o interesse vira obsessão e o quanto isso pode influenciar negativamente a vida de alguém? No filme anterior, vemos o fascínio do namorado de Sam pelo pai dela, e como isso o motivou a cometer assassinatos em massa. Em Pânico 6, as coisas seguem a mesma linha.
Seria Pânico 6 uma grande sátira de si próprio?
Posso não ter resposta exata para a questão feita anteriormente, mas sei responder, independente do intuito, funciona. Pânico 6, que tanto satiriza franquias de Hollywood, consegue entregar um ótimo filme mesmo sendo encaixado na ironia das sequências para ganhar mais e mais dinheiro. O terror e o riso funcionam nesta obra assustadoramente divertida.
Com um misto certeiro de comédia com horror, Pânico 6 satiriza o fascínio por franquias de Hollywood e entrega um ótimo filme, apesar de ser um exemplo das próprias críticas. O filme é repleto de suspense, violência, humor e apresenta uma nova narrativa para uma história já conhecida, afinal, quem será Ghostface desta vez?