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Suzume | Review

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É um fato inegável que a vida de um adolescente é difícil. A pressão dos colegas, namoro, o ocasional monstro do fim do mundo – a luta é real. Pelo menos, esse é o caso quando se trata de Suzume, o último cativante longa de animação do diretor Makoto Shinkai. Graças ao seu elenco forte e à exploração instigante do processo de luto, uma típica história de amadurecimento é elevada a uma comovente aventura de fantasia. E isso antes de levar em conta a animação de cair o queixo de Suzume e a emocionalmente e carregada trilha sonora. Os excelentes Your Name e Weathering With You parecem atos difíceis de seguir, porém Shinkai tem outro maravilhoso anime em suas mãos.

Shinkai é especialista em drama adolescente sobrenatural – um encontro casual com um estranho, amigos de infância se reunindo em circunstâncias estranhas, um romance em ascensão que é abafado por algum evento sobrenatural. Embora a premissa exata possa diferir, muitos de seus filmes têm os mesmos tropos sobre a difícil jornada de um personagem até a idade adulta e os relacionamentos que eles estabelecem ao longo do caminho. Suzume não é diferente. Muito familiar, boa parte de seu enredo é paralelo ao trabalho anterior de Shinkai e ao anime de amadurecimento em geral. Os fãs de qualquer um dos dois entenderão esses elementos formulados desde o início, apesar de algumas reviravoltas notáveis. A boa notícia é que, embora ele possa estar reutilizando essa fórmula, Shinkai também parece tê-la aperfeiçoado aqui.

Apesar de ser um tanto previsível, Suzume continua intrigante em parte por causa de sua impressionante manipulação de temas maduros. Diferentes aspectos de luto, solidão, saudade e ressentimento associados às responsabilidades de alguém são explorados por meio da situação do personagem titular. O conflito inicial, que envia Suzume (Nanoka Hara) correndo para marcos abandonados em todo o Japão na esperança de evitar um evento catastrófico, centra-se em remanescentes do passado que causam problemas no presente. Dessa forma, essas ruínas ameaçadoras atuam como uma metáfora coletiva para os efeitos duradouros do trauma; um parque temático abandonado é praticamente esquecido até que uma ocorrência sobrenatural restaura seu poder de uma forma que parecia iluminar uma velha ferida.

Esse dilema único mostra de forma criativa por que o processo de luto é importante e como a passagem do tempo nem sempre leva à cura. Pelo contrário, pode causar feridas se não tratadas. Um conceito que não é apenas referenciado nas lutas de vida ou morte de Suzume, como também no relacionamento tenso com sua tia Tamaki (Eri Fukastu). Fukastu faz um ótimo trabalho ao incorporar o papel de um guardiã preocupada. Suas falas são ditas com uma paixão que ecoa a sinceridade das emoções de Tamaki durante uma determinada cena, especialmente sempre que ela interage com Suzume de Nanoka Hara. E, uma vez que Hara é igualmente convincente como a adolescente esperançosa sobrecarregada com um passado sombrio, seu confronto inevitável se mostra impactante. A dor compartilhada é transmitida por meio de um diálogo que reflete de forma realista a brecha que se formou entre elas, o que resulta em uma das cenas mais sinceras de Suzume.

Hokuto Matsumura, que dá voz ao amigo de Suzume e potencial interesse amoroso, Sota, também faz um trabalho sólido. A ânsia de Sota em cumprir seu dever sagrado de proteger o Japão é evidente em seu comportamento. Nada é mais importante do que a vida daqueles que estão sob seus cuidados. Quando uma situação estranha atrapalha seus planos, o que o força a depender de Suzume, sua perspectiva muda um pouco. Matsumura lida bem com essa dinâmica de mudança, e assume um papel mais estimulante, o que transforma Sota de um protetor um tanto distante em um companheiro mais solidário e atencioso. A atuação de Matsumura, assim como a de seus colegas de elenco, fortalece a credibilidade dos relacionamentos de seus personagens.

Há também uma trilha sonora comovente que ajuda a levar certas cenas a conclusões ainda mais poderosas, mas é realmente a linda animação de Suzume que manterá você totalmente preso. Ela ostenta uma paleta de cores vibrantes, impressionante linha de trabalho e uma forte atenção aos detalhes que rivaliza com o que é visto nos filmes icônicos do Studio Ghibli às vezes. Há também uma sensação de peso que ancora realisticamente cada ação que seus personagens realizam, mesmo quando algo mágico está acontecendo. O mesmo pode ser dito de como seus rostos são retratados durante as cenas principais, com suas emoções tornadas críveis devido à animação fluida e realista. Alguns dos CGI adicionados podem ter dificuldade para se encaixar com as porções 2D mais tradicionais, entretanto nunca é o suficiente para arruinar completamente as cenas em que é usado. Basicamente, os animadores da CoMix Wave Films se superaram com Suzume.

Suzume tem estréia prevista nos cinemas brasileiros para dia 13 de abril, graças a uma parceira da Crunchyroll com a Sony Pictures e a Wild Bunch International.

Suzume é um filme cativante que retrata o processo de luto de forma criativa e ponderada. Ele apresenta um elenco forte, uma trilha sonora comovente e algumas animações realmente incríveis. Existem alguns elementos de fórmula em sua estrutura, e o CGI nem sempre funciona quando colocado em cima de sua maravilhosa animação 2D. Mas mesmo com esses pequenos erros, Suzume prova ser uma continuação maravilhosa de Weathering with You, graças ao seu enredo intrigante e performances impressionantemente emocionantes.

Fonte: Via IGN

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